A vitória de Kalle Rovanperä no Rali da Europa Central mudou, por completo, o cenário do Mundial de pilotos e deixa tudo em aberto para as duas últimas provas. Sem surpresa, a Toyota conquistou o quinto título consecutivo de construtores.
O Campeonato do Mundo regressou à Europa para um rali diferente, que passou por três países: Áustria, Alemanha e República Checa. A 12ª prova da época teve 18 classificativas (306 km) em asfalto, com caraterísticas muito distintas; largas e rápidas nas colinas checas e muito técnicas e escorregadias nas florestais da Baixa Baviera. Alguns pilotos do WRC consideram ser o rali de asfalto mais difícil do ano.
Ainda antes da prova começar, o Mundial ficou em estado de choque com o anúncio do abandono de Kalle Rovanperä no final da temporada. O finlandês tem 25 anos, faz ralis desde os 15 e quer novos desafios. Em 2026, vai competir na Super Fórmula, no Japão, com a Toyota, talvez com os olhos postos na Fórmula 1.
Kalle Rovanperä foi o piloto que melhor se adaptou às diferentes condições de aderência e venceu pela terceira vez este ano, ficando em boa posição para poder conquistar o terceiro título mundial, antes de se despedir dos ralis. A Toyota voltou a dominar – apenas perdeu um rali este ano para a Hyundai – colocou dois carros nos dos primeiros lugares e festejou mais um título.
A primeira etapa teve apenas dois troços e serviu de aquecimento para os dias seguintes. Sébastien Ogier mostrou ao que vinha e terminou o dia na frente com 1,6 s de vantagem sobre Kalle Kovanperä. Os pilotos de ponta da Toyota voltaram a marcar o ritmo na segunda etapa, com uma luta ao décimo de segundo entre dois nomes que conquistaram dez títulos mundiais! O terceiro classificado, Elfyn Evans estava a… 29.5 s!
A terceira etapa voltou a ser dominada pelos pilotos da Toyota. A guerra pelo primeiro lugar, entre Sébastien Ogier e Kalle Rovanperä, terminou na 10ª classificativa, com o despiste do francês. Ogier saiu de estrada quando seguia a fundo, em 5ª velocidade, devido a um furo lento não detetado. Foi a primeira desistência do ano, o que compromete a luta pelo título. “Furámos o pneu dianteiro esquerdo e, como o sensor não estava a funcionar, não sabia do problema. Só me apercebi quando cheguei a uma curva fácil e o carro simplesmente não virou. Acabámos por cair numa vala e batemos numa árvore”, explicou o francês.
Kalle Rovanperä começou a etapa a 0,6 s do líder e terminou na frente do rali com 36,3 s de vantagem sobre Ott Tänak e 44,7 s para Elfyn Evans, ou seja, o interesse da prova passou a centrar-se na luta pelo segundo lugar. “Foi um bom dia”, disse o finlandês. “A tarde foi mais complicada em termos de sensações, mas correu tudo bem. A luta vai ser muito renhida na última etapa”, frisou Rovanperä.
A quarta etapa tinha o aliciante da luta pelos pontos no Super Sunday e na Power Stage. Com um ritmo fortíssimo Sébastien Ogier venceu todas as classificativas e amealhou 10 pontos extra. Kalle Rovanperä limitou-se a controlar o andamento dos outros pilotos “foi ótimo estar de volta ao asfalto. O ritmo que o Séb e eu tivemos foi bastante rápido em comparação com os outros. Muitos parabéns a todos, ganhar novamente o campeonato de construtores mostra que somos a melhor equipa. Todos estão a trabalhar muito bem, por isso, obrigado. O campeonato de pilotos não será fácil, mas aumentámos as nossas hipóteses com este resultado e vamos tentar continuar assim no Japão”, avisou Rovanperä. O domínio da marca japonesa saiu reforçado com o segundo lugar de Elfyn Evans, conquistado na última classificativa por troca com Ott Tänak, foi um duelo intenso que durou toda a etapa.
O campeonato de pilotos está mais embrulhado do que nunca. Evans tem 13 pontos de avanço sobre Ogier e Rovanperä, isto, quando estão em jogo 70 pontos. Tänak está a 50 pontos, e só matematicamente pode ser campeão. Com 11 triunfos em 12 ralis, a Toyota conquistou o nono título de construtores, o quinto consecutivo, e está apenas a um de igualar a recordista Lancia.
O campeão do mundo de Rally2, Oliver Solberg (Toyota GR Yaris Rally2), dominou desde a primeira classificativa e obteve mais um triunfo na frente de Jan Cerny (Skoda Fabia RS Rally2). Mille Johansson (Ford Fiesta Rally3) conseguiu uma reviravolta sensacional na última etapa e sagrou-se campeão do WRC Júnior por 1,6 s! após um final de rali emocionante com Taylor Gill (Ford Fiesta Rally3).
O Mundial de ralis está na reta final. A próxima prova é o Rali do Japão (6 a 9 novembro), com 20 classificativas em asfalto (305 km). O campeonato termina com a estreia do Rali da Arábia Saudita (26 a 29 de novembro), com 17 troços em terra (319,4 km).
Classificação final
1º Kalle Rovanperä/Jonne Halttunen (Toyota GR Yaris Rally1), com2h.36.20,1
2º Elfyn Evans/Scott Martin (Toyota GR Yaris Rally1), a 43,7 s
3º Ott Tänak/Martin Jarveoja (Hyundai i20 N Rally1), a 49,3 s
4º Takamoto Katsuta/Aaron Johnston (Toyota GR Yaris Rally1), a 1m.06,8
5º Adrien Fourmaux/Alexandre Coria (Hyundai i20 N Rally1), a 2m.04,3
6º Sami Pajari/Marko Salminen (Toyota GR Yaris Rally1), a 2m.13,9
7º Joshua Mcerlean/Eoin Treacy (Ford Puma Rally1), a 5m.48,8
8º Oliver Solberg/Elliot Edmondson (Toyoya GR Yaris Rally2), a 8m.56,2 (1º WRC2)
9º Jan Cerny/Ondrej Krajca (Skoda Fabia RS Rally2), a 10m.51,1
10º Flip Mares/Radovan Bucha (Toyota GR Yaris Rally2), a 11m.21,2
Classificação de Pilotos
1º Elfyn Evans (Toyota) – 247 pontos
2º Sébastien Ogier (Toyota) – 234 pontos
3º Kalle Rovanperä (Toyota) – 234
4º Ott Tänak (Hyundai) – 197
5º Thierry Neuville (Hyundai) – 166
Campeonato de Construtores
1º Toyota Gazoo Racing WRT – 632 pontos
2º Hyundai World Rally Team – 464
3º M-Sport Ford World Rally Team – 176
4º Toyota Gazoo Racing WRT2 – 127