Sébastien Ogier venceu a primeira edição do Rali do Paraguai e deu à Toyota a 102.ª vitória no WRC, igualando o recorde da Citroën. O francês fez uma recuperação fantástica depois de ter furado no primeiro dia e entrou definitivamente na luta pelo título mundial.
O Campeonato do Mundo de ralis viajou até à América do Sul para a realização do Rali do Paraguai. Foi o 38º país a receber uma prova do WRC, e o balanço é positivo, como referiu, no final, Timo Rautiainen, atual diretor do WRC e antigo navegador de Marcus Grönholm. Recorde-se que uma vasta delegação do Paraguai acompanhou de perto a última edição do Vodafone Rally de Portugal e o “estágio” deu bons resultados. De salientar que, apesar de não ter tradição no desporto automóvel, o Paraguai tem um campeão do mundo de ralis. Diego Dominguez venceu o WRC3 em 2024 e, este ano, disputa o Mundial WRC2, com um Toyota GR Yaris Rally2.
A décima prova do Mundial contou com 10 carros da categoria Rally1 e, pela primeira vez esta época, os pilotos estiveram em condições de igualdade, pois ninguém conhecia as novas classificativas, muito rápidas, técnicas e escorregadias da região de Encarnación, junto da fronteira com a Argentina. A prova tinha 19 troços (333 km) com diferentes tipos de aderência e inúmeros saltos, o que levou Kalle Rovanperä a dizer, em jeito de brincadeira, que podia “ouvir as suas costas a estalar nas aterragens”.
A Toyota tem dominado o Mundial, venceu nove dos dez ralis disputados, mas no Paraguai a Hyundai andou ao mesmo nível e Adrien Fourmaux esteve prestes a conseguir o melhor resultado da sua carreira. Desportivamente, o rali foi bastante interessante com Kalle Rovanperä, Adrien Fourmaux e Sébastien Ogier a passarem pelo comando. Todos eles furaram, mas Ogier foi o que perdeu menos tempo e garantiu a 18.ª vitória com a Toyota - é o piloto mais bem-sucedido na história da marca japonesa.
A primeira etapa era a mais longa da prova, com oito classificativas (140 km) extremamente rápidas. Sébastien Ogier foi o mais rápido em quatro troços, mas um furo fê-lo perder tempo. Registou-se grande equilíbrio entre a Toyota e Hyundai, com Kalle Rovanperä e Adrien Fourmaux a passarem pela liderança, mas o francês perdeu essa posição com um furo. Ott Tänak e Sébastien Ogier surgiam logo a seguir, estando os quatro pilotos separados por 17,8 segundos.
Nos sete troços da segunda etapa assistiu-se a um duelo emocionante entre os dois melhores pilotos da Toyota, com Kalle Rovenperä e Sébastien Ogier a vencerem todos os troços. O finlandês liderou até à penúltima classificativa, mas um furo fê-lo perder dois minutos e meio e ficou afastado da luta pela vitória. O francês andou sempre no limite, arriscou ao levar apenas um pneu de reserva, e a estratégia deu resultado: começou a etapa na quarta posição e terminou o dia na liderança, com 10,3 segundo de avanço sobre Adrien Fourmaux. Esta é a fibra do oito vezes campeão do mundo de ralis.
A terceira etapa era a mais curta (80 km ao cronómetro), mas a expetativa era enorme. Sébastien Ogier e Adrien Fourmaux lutavam pela vitória, enquanto Elfyn Evans, Ott Tänak e Thierry Neuville aceleravam para chegar ao terceiro lugar. O atual campeão do mundo foi o mais rápido no Super Sunday e Power Stage, que valeu 10 pontos adicionais, e ocupou o último lugar do pódio, atrás de Ogier e Evans, enquanto que Fourmaux teve um final de rali dramático e desistiu antes do controlo final.
Sébastien Ogier estava determinado a marcar pontos na Power Stage, mas apanhou uma forte chuvada e fez apenas o 10º tempo:
“A América do Sul nunca foi o local onde tive mais sorte. Fui o único a apanhar chuva forte durante a especial, é assim mesmo. Mas não faz mal, vamos continuar a ganhar. E vamos ganhar este campeonato", frisou.
Essa contrariedade deixou o francês bastante irritado:
“Podemos estar muito orgulhosos pelo desempenho que tivemos este fim de semana. Os pontos não mostram isso, essa é a única parte negativa. É bom estar no degrau mais alto do pódio, perante um ambiente fantástico”, disse.
Mas o rali não acabou no final do derradeiro troço. Após a Power Stage, Adrien Fourmaux abandonou voluntariamente para poder alterar os componentes selados da transmissão do Hyundai i20N Rally1 sem incorrer numa penalização para a próxima prova no Chile. A sua desistência permitiu a Ott Tänak subir um lugar na classificação e ganhar dois pontos adicionais no campeonato de pilotos.
A categoria WRC2 foi igualmente muito animada, com cinco pilotos a passarem pelo comando. Yohan Rossel (Citroën C3 Rally2) terminou a primeira etapa na frente, no segundo dia a liderança passou para Robert Virves (Skoda Fabia RS Rally2) e, na última etapa, Oliver Solberg (Toyota GR Yaris Rally2) garantiu a vitória na categoria. O piloto sueco venceu 15 dos 19 troços e esteve sempre ao ataque para recuperar o tempo perdido com um furo no início do rali. Com o quarto triunfo esta temporada, Solberg reforçou a liderança no campeonato WRC2.
Os pilotos da Toyota estão em guerra aberta pelo título mundial com Evans, Rovanperä e Ogier separados por apenas nove pontos, Tänak é o melhor piloto da Hyundai, a 18 pontos, isto, quando faltam quatro provas. Com o nono triunfo em dez ralis, a Toyota reforçou a liderança no campeonato de construtores, a revalidação do título está cada vez mais próxima.
O Mundial de ralis continua na América do Sul com o Rali do Chile (11 a 14 de setembro), mais uma prova em piso de terra com 16 troços (306 km).
Classificação final
1º Sébastien Ogier/Vincent Landais (Toyota GR YARIS Rally1), com 3h.00m.06,6
2º Elfyn Evans/Scott Martin (Toyota GR YARIS Rally1), a 26,2s
3º Thierry Neuville/Martijn Wydaeghe (Hyundai i20 N Rally1), a 27,2s
4º Ott Tanak/Martin Järveoja (Hyundai i20N Rally1), a 30,6s
5º Kalle Rovanperä/Jonne Halttunen (Toyota GR YARIS Rally1), a 2m.05,2
6º Sami Pajari/Marko Salminen (Toyota GR YARIS Rally1), a 3m.35,5
7º Oliver Solberg/Elliot Edmondson (Toyoya GR Yaris Rally2), a 6m.53,8 (1º WRC2)
8º Yohan Rossel/Arnaud Dunand (Citroën C3 Rally2), a 7m.16,3
9º Nikolay Gryazin/Konstantin Aleksandrov (Skoda Fabia RS Rally2), a 8m.48,2
10º Fabrizio Zaldivar/Marcelo Der Ohannesian (Skoda Fabia RS Rally2), a 9m.17,00
Campeonato de pilotos
1º Elfyn Evans (Toyota) – 198
2º Kalle Rovanperä (Toyota) – 191
3º Sébastien Ogier (Toyota) – 189
4º Ott Tänak (Hyundai) – 180
5º Thierry Neuville (Hyundai) – 150
Campeonato de Construtores
1º Toyota Gazoo Racing WRT – 513 pontos
2º Hyundai World Rally Team – 413
3º M-Sport Ford World Rally Team – 143
4º Toyota Gazoo Racing WRT2 – 96